Edição exclusiva no Brasil do livro Viagem à demência dos pássaros, do poeta português Alberto Pereira, que estreou em 2008 com O áspero hálito do amanhã e tem consolidado-se como uma voz poética que, em cada livro, renova-se através de uma poesia que se alimenta da exuberância das imagens e do caráter insólito e arrojado com que estas efetivamente se articulam entre si, produzindo inesperados efeitos de sentido.
Poesia profundamente imagética e interrogativa, inconfundível no panorama da literatura portuguesa mais recente, que transporta-nos para um terreno privilegiado onde a metáfora é o instrumento cortante capaz de, num só golpe, desmembrar e conciliar, separar e unir.
(texto adaptado do posfácio de Ricardo Gil Soeiro)
O livro recebeu a Menção Honrosa no Prêmio Internacional de Poesia Glória de Sant'Anna 2018 e é composto por três partes: "Monólogos do Báltico", "Cartas à Arquitetura da Geada" e "Crônicas do Nevoeiro".
Para esta edição, o texto recebeu revisão brasileira e algumas palavras foram adaptadas, com anuência do autor.
- Poesia – Capa brochura – 14x21cm
- 80 páginas
- Isto Edições – 1ª ed. – 2022
- ISBN 978-65-995966-5-0
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Sobre o autor:
Alberto Pereira, escritor português. Nasceu em Lisboa. Licenciado em Enfermagem. Pós-graduado na área Forense. Diplomado em Hipnose Clínica.
Membro do PEN Clube Português. Publicou os livros: O áspero hálito do amanhã (2008); Amanhecem nas rugas precipícios (2011); Poemas com Alzheimer (2013); O Deus que matava poemas (2015); Biografia das primeiras coisas (2016); Viagem à demência dos pássaros (2017); Bairro de Lata (2017); Como num naufrágio interior morremos (2019) e Neve interior (2021).
No Brasil, já foi publicado pela editora Urutau (Como num naufrágio interior morremos) e pelo projeto Dulcineia Catadora (Bairro de lata).
Três poemas do livro:
O infinito era já ali,
no rastilho da tua imagem.
Depois,
a primeira adaga.
As lâminas desprezaram o vento
e os muros acabaram aos beijos.
O frio começa assim,
facas que vestem pássaros.
———
As mãos já não são a harpa que tocava magnólias.
Talvez um hospício à procura do teu rosto.
A casa é um monólogo dentro de quem ficou.
O mel que corria a pele para a infância
tem uma cidade de nomes que não chegam.
Fuzilou a acne as marés.
Esconderam-se os navios atrás dos muros.
Na corrente pontificam facas
ou retratos de pernas cruzadas.
Tudo nas tuas margens
são águas de lábios rasgados
ou arco-íris com cicatrizes às costas.
O amor é um dicionário de nuvens.
Se tivesse observado o céu de Estocolmo,
veria,
as aves fumam
o batimento cardíaco da tempestade.
A morte chega quando nos apagam
o coração num cinzeiro.
———
É Novembro no perfume.
A casa imita o Outono.
O homem cai
para dentro dos retratos.
———
Da crítica de Victor Oliveira Mateus:
"Em Viagem à demência dos pássaros de Alberto Pereira (...) os pássaros são simultaneamente eles-mesmos, mas também uma representação dos humanos enquanto viagem à demência. (...) o poeta nos conduz, ao longo do livro, por uma viagem que não é nem geográfica nem histórica, mas que se enraíza nos grandes temas, que, ao longo dos séculos, têm perseguido o humano."